Eu, na minha vida como profissional liberal, como contabilista, até atualmente como advogado, sempre gostei de participar na política, pois fui vereador por treze anos, fui candidato a prefeito em 1972, quando perdemos a eleição por 81 votos. Tivemos uma vitória dentro da cidade de Jaú por cinco votos e perdemos no Distrito de Potunduva em três urnas, totalizando 81 votos. Entretanto nunca deixei de participar da vida política da cidade, não só como vereador, como não sendo vereador. Com cargo ou sem cargo sempre gostei de participar. Tive uma atuação muito grande na Assembléia Legislativa, quando eu tive um amigo muito grande lá, o Deputado Vicente Botta, já falecido, onde nós levávamos a ele as reivindicações da cidade, porque eu acho que se pode colaborar com a cidade mesmo sem estar investido em cargos públicos.
Nos dê um algum exemplo.
Um exemplo disso foi quando eu ajudei a resolver a questão da instalação da Terceira Vara da Comarca de Jaú. Não havia quem conseguisse a instalação, nem presidentes de sindicatos, nem o Prefeito Municipal. Eu me lembro que um dia eu estava no Fórum conversando com o Dr. Célio Sormani, quando ele me dizia da necessidade de se implantar em Jaú a Terceira Vara e ninguém conseguia. Eu me propus a ajudar e o Dr. Célio disse que seria muito difícil a conquista, pois nem o prefeito havia conseguido, ante a justificativa de ausência de verbas estaduais para a instalação, mas mesmo assim me dispus a ajudar.
Naquela semana fui a São Paulo e convoquei o Deputado Vicente Botta para estudarmos as possibilidades da implantação da Terceira Vara. Foi quando ele, que era Secretaria da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo imediatamente levantou como estava o Projeto de Reforma Judiciária daquele ano, que havia sido enviada pelo Tribunal de Justiça para a Assembleia, onde recebe emendas dos Deputados Estaduais, cujo processo depois volta ao Tribunal para analisar as propostas dos Deputados e decidir quais devem ser acatadas e ficamos sabendo que no dia seguinte venceria o prazo para apresentação das emendas por parte dos Deputados. Confirmamos que Jaú não estava sendo contemplada com a criação da Terceira Vara e redigimos a emenda naquela mesma hora, criando a Terceira Vara da Comarca de Jaú.
Aí para minha satisfação, o Deputado Vicente Botta me informou que havia acabado de conversar com o presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Porto, também já falecido, com quem o deputado tinha bastante amizade, e o presidente havia garantido a criação da Terceira Vara para a Comarca de Jaú.
Na sexta-feira eu já estava em Jaú e fui até ao Fórum para dar a notícia ao Dr. Pedro Barbosa, que era Diretor do Fórum, que não acreditou na minha informação, dizendo que o prefeito Dr. Alfeu Fabris, havia o informado da não criação da Terceira Vara, até que telefonamos para o Deputado Vicente Botta que confirmou minha informação.
Outro fato que se destaca foi a criação da Junta do Trabalho de Jaú, nos idos de 1972. Eu era muito amigo do Deputado Federal Ademar de Barros Filho, que hospedava em sua casa, em São Paulo, o Ministro da Justiça da época, Dr. Falcão, e a meu pedido conversou com o Ministro e conseguiu para Jaú a criação da 75ª Vara do Trabalho. A cidade precisava, pois sobrecarregava a Justiça Comum e havia um movimento reivindicatório muito grande, e eu sempre sentia isso como político, como advogado e como amigo da cidade, que sempre fui. Depois também trabalhei para implantação da Quarta Vara.
Também iniciei todo trabalho de campo para a criação da Faculdade de Administração de Empresas de Jaú. Eu era vereador naqela época e ia sempre para São Paulo, pois tinha um pequeno escritório lá, onde meu irmão mais velho era professor numa Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Empresas na Capital, e conversando com ele, chegamos a conclusão de que Jaú poderia instalar uma Faculdade de Administração de Empresas. Descobri a repartição pública responsável pela criação de novos cursos superiores, fez-se um levantamento através do qual mostrava que a cidade de jaú comportava um curso daquele tipo e recebi toda a orientação para proceder a formalização do pedido, em nome da Fundação Educacional de Jaú. Vim para jaú, conversei com o prefeito Jarbas Faracco, que era o Presidente da Congregação da Fundação Educacional de Jaú, e em reunião, aprovaram, logicamente, o pedido que eu ofertei. Aí eu fui para São Paulo com meu carrinho, às minhas expensas, e protocolei o pedido. Posteriormente cumprimos todas as exigências e a Faculdade foi efetivamente instalada. Eu me orgulho desta minha iniciativa e digo: o político, o advogado que quer trabalhar não precisa de cargo público, precisa, sim, de criatividade.
Você já foi candidato a algum cargo na OAB?
Nunca fui candidato por absoluta falta de tempo e pela minha atuação política. No meu entendimento, quem faz parte da Diretoria da OAB deve estar livre de pretensões políticas, a OAB deve ser uma entidade livre de injunções políticas, pois eu acho que mistura um pouco, embora alguém utilize da OAB para fazer campanha política posteriormente. Eu sempre participei da política, fui presidente do PTB, fui presidente do PMDB, de modo que estive ligado na política e fica muito difícil misturar a política partidária com a política classista.
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Alguns meses após a publicação da entrevista acima Carlos Augusto Zen faleceu.
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Alguns meses após a publicação da entrevista acima Carlos Augusto Zen faleceu.
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